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Ferramenta Essencial

ao Bem-Estar Animal

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Animais Selvagens

A utilização de técnicas de enriquecimento ambiental ou enriquecimento comportamental para animais selvagens é um grande desafio, principalmente pela enorme variedade de espécies de aves, répteis, mamíferos, anfíbios e até mesmo peixes e invertebrados.

Se considerarmos que estes animais estão fora de seus habitats naturais, o nosso grande objetivo com estas técnicas é criar situações desafiadoras e estímulos adequados para que cada espécie possa expressar seus comportamentos típicos e naturais, além de alcançar estados de bem-estar positivos.

Quando utilizamos técnicas de enriquecimento efetivas com uma espécie, possibilitamos a ela um engajamento e uma adaptação ao seu ambiente artificial que será responsável pela promoção de uma saúde física e mental.

Dentro de todo o universo e variedade de animais selvagens, um dos comportamentos mais importantes para todas as espécies é o forrageamento. A dieta nutricional balanceada é de extrema importância, mas a maneira como este alimento será obtido está diretamente relacionada à complexidade e ao grau de desafio encontrados nos enriquecimentos alimentar, cognitivo e físico, sempre respeitando a capacidade e a sensibilidade sensorial de cada espécie, possibilitando assim, experiências positivas ao animal.

A busca pelo alimento pode ser estimulada de diversas formas, de acordo com esta capacidade sensorial e com as particularidades individuais. Por exemplo, o olfato é a principal via de informações sobre o ambiente em que os mamíferos estão inseridos; já as aves, em geral, dispõem de uma visão e audição extremamente aguçadas. O conhecimento destas particularidades sensitivas e das diferentes faixas de detecção dos estímulos são primordiais para o oferecimento de um enriquecimento efetivo.

Os enriquecimentos ambientais sempre devem ser oferecidos garantindo a segurança dos animais selvagens. Para tanto, devemos considerar o tipo de material utilizado, a fim de evitar acidentes indesejados e comprometer a saúde dos animais, o número de animais envolvidos nas atividades, grupos sociais, hierarquias, idades distintas, condições físicas, quadros clínicos e níveis de comprometimento comportamental.

Mesmo que existam muitas ideias de enriquecimento sabidamente conhecidas e testadas, é importante salientar que cada ambiente e cada animal deverá ser estudado individualmente para que suas necessidades físicas e biológicas sejam atendidas dentro de um programa de enriquecimento ambiental.

Um ambiente adequado quanto a estímulos, desafios, que proporcione escolhas e que respeite cada espécie pela sua essência biológica é capaz de modular comportamentos típicos e proporcionar qualidade de vida e bem-estar positivo aos animais selvagens que estão sob cuidados humanos.

Quando manejamos os animais selvagens sob esta perspectiva, buscamos mais do que uma adaptação ao seu ambiente, buscamos que eles prosperem como espécie e atinjam o seu nível de bem-estar ideal.

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Cristiane Schilbach Pizzutto

Médica-veterinária formada pela FMVZ-USP. Mestre, Doutora e Pós-doutora pela FMVZ-USP. Professora e Orientadora de graduação e pós-graduação do Departamento de Reprodução Animal da FMVZ-USP. Presidente da Comissão de Bem-estar Animal do CRMV-SP. Membro do Comitê de Bem-estar da Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil (AZAB). Atua na área de bem-estar, comportamento e enriquecimento ambiental de animais selvagens desde 1997.